O Zepelim
Em maio de 1930, a população carioca assistia atônita à chegada do enorme dirigívelGraf Zeppelin, vindo da Alemanha após escala em Recife. As dimensões descomunais do aparelho, com mais de 230 metros de comprimento, inspiravam fascinação e terror, e sua mágica incompreensível, fazendo-o pairar acima da cidade, fez muita gente pensar que o fim dos tempos havia finalmente chegado.
Última palavra de uma tecnologia antiga, da qual Santos-Dumont foi um dos principais criadores, representava o esforço dos alemães em conquistar novos clientes e oportunidades comerciais, em um país mergulhado no caos político após a Primeira Guerra Mundial, situação agravada pela crise universal de 1929.
O Graf Zeppelin sobre a Guanabara, um símbolo dos anos 30
Como o Brasil era considerado mercado prioritário, o Rio de Janeiro tornou-se destino rotineiro do Graf Zeppelin, realizando 64 viagens até o ano de 1936. Pouco a pouco os cariocas perderam o medo e se acostumaram com a máquina, que acabou se tornando verdadeiro ícone da modernidade, em uma era que acreditava no poder ilimitado da indústria humana. O zepelim se incorporava à paisagem do Rio de Janeiro.
Ninguém imaginava o que estava por vir, quando o mundo mergulhou em um conflito que colheu dezenas de milhões de vidas e legou a triste herança da ameaça nuclear. Como sinal dos tempos, o novo dirigível, o Hindenburg, em sua visita à cidade em julho de 1936, trazia em seu leme a suástica, por imposição do partido nazista, que desejava utilizar a tecnologia alemã como propaganda ideológica. Estas aeronaves sairiam de circulação logo a seguir, por conta de acidentes e do desenvolvimento dos aviões, que ocorreu de modo exponencial no período de guerra.
Ficou a lembrança do enorme e lento dirigível em várias fotos e cartões-postais com o Rio ao fundo, feitas durante os sete anos em que o Graf Zeppelin transportou pacíficamente seus passageiros para a Europa. Tornou-se símbolo de tempos mais tranquilos e confiantes, adornando a bela paisagem natural com a estética singular do engenho humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário